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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Civilização Japonesa Parte 4 de 8

Literatura Japonesa - História da Literatura Japonesa

Introdução

O termo inclui obras escritas por japoneses nas línguas japonesa e chinesa. O presente artigo se ocupa principalmente das obras em língua japonesa.

A literatura japonesa desenvolveu-se nos períodos Yamato, Heian, Kamakura-Muromachi, Edo e moderno, denominados assim de acordo com a sede do principal centro administrativo japonês da época.

Período Yamato (de épocas arcaicas até o final do século VIII d.C.)

Ainda que não existisse literatura escrita, foram compostas um número considerável de baladas, orações rituais, mitos e lendas que, posteriormente, foram reunidas por escrito e incluem-se na Kogiki (Relação de questões antigas, 712) e a Nippon ki (Livro de História do Japão antigo, 720), primeiras histórias do Japão que explicam a origem do povo, a formação do Estado e a essência da política nacional. A lírica surgida das primitivas baladas incluídas nestas obras estão compiladas na primeira grande antologia japonesa, a Maniosiu (Antología de inumeráveis folhas), realizada por Otomo no Yakamochi depois de 759 e cujo poeta mais importante é Kakimoto Hitomaro.

Período Heian (final do século VIII até o final do século XII)

A Kokin-siu (Antologia de poesia antiga e moderna, 905) foi reunida pelo poeta Ki Tsurayuki que, no prefácio, proporcionou a base para a poética japonesa. Ki Tsurayuki é também conhecido como autor de um nikki, primeiro exemplo de um importante gênero literário japonês: o diário.

Escrito pela japonesa Murasaki Shikibu no século XI, é considerada a obra capital da literatura japonesa e o primeiro romance propriamente dito da história. Nesta cena do capítulo Asagao, o príncipe Genji acaba de regressar de uma frustrante visita ao palácio de sua amante, a princesa da Glória Matutina. Enquanto conversa sobre suas outras amantes com sua esposa favorita, Murasaki, contempla como suas criadas jogam na neve. O romance está repleto de ricos retratos da refinada cultura do Japão do período heian, que se mesclam com agudas visões da fugacidade do mundo.

A literatura do começo do século X aparece em forma de contos de fadas, como O conto do cortador de bambú, ou de poemas-contos, entre eles, Ise monogatari (Contos de Ise, c. 980). As principais obras da literatura de Heian são Genji monogatari (Contos ou História de Genji, c. 1010) de Murasaki Shikibu, primeiro importante romance da literatura mundial, e Makura-no-soshi (O livro travesseiro) de Sei Shonagon.

Período Kamakura-Muromachi (final do século XII até o século XVI)

A primeira de várias antologias imperiais de poesia foi a Shin kokin-siu (Nova coleção de poemas antigos e modernos, 1205) resumida por Fujiwara Teika. A obra em prosa mais famosa do período, os Heike monogatari (Contos do clã Taira, c. 1220), foi escrita por um autor anônimo. Destacam-se A cabana de três metros quadrados (1212) do monge Abutsu, e Ensaio em ócio (1340) de Kenko Yoshida. O tipo de narrativa mais importante desta época foram os "otogizoshi", coleção de relatos de autores desconhecidos.

O desenvolvimento poético fundamental do período posterior ao século XIV foi a criação do renga, versos unidos escritos em estrofes repetidos por três ou mais poetas. Os maiores mestres desta arte, Sogi, Shohaku e Socho, escreveram, juntos, o famoso Minase sangin (Três poetas em Minase) em 1488.

Período Edo (século XVII-1868)

Neste período de paz e riqueza surgiu uma prosa obscena e mundana de um caráter radicalmente diferente ao da literatura do período precedente. A figura mais importante do período foi Ihara Saikaku, cuja prosa em O homem que passou a vida fazendo amor (1682) foi muito imitada. No século XIX foi famoso Jippensha Ikku (c. 1765-1831), autor da obra picaresca Hizakurige (1802-1822).

O haicai, um verso de 17 sílabas que reflete a influência do zen, foi aperfeiçoado neste período. Três poetas destacam-se por seus haikais: o monge mendicante zen Basho, considerado o maior dos poetas japoneses por sua sensibilidade e profundidade; Yosa Buson, cujos haikus expressão sua experiência como pintor, e Kobayashi Issa. A poesia cômica, numa diversidade de formas, influenciou também este período.

Período Moderno (1868 até a atualidade)

Durante o período moderno os escritores japoneses foram influenciados por outras literaturas, principalmente as ocidentais.

No século XIX destacam-se os romances de Kanagaki Robunis, Tokai Sanshi, Tsubuochi Shoyo e Futabei Shimei. Ozaki Koyo, fundador da Kenyusha (Sociedade dos amigos do nanquim), incorporou técnicas ocidentais e influenciou-se em Higuchi Ichiyo.

No século XX surge o naturalismo, cuja figura principal é Shimazaki Toson. Mori Ogai e Natsume Soseki se mantiveram afastados da tradição francesa dominante. Destacam-se também o autor de relatos Akutagawa Ryunosuke, Yasunari Kawabata (Prêmio Nobel em 1968), Junichiro Tanizaki, Yukio Mishima, Abe Kobo e Kenzaburo Oé (Prêmio Nobel em 1994).

Do final do século XIX aos nossos dias existe um forte movimento a favor da poesia ao estilo ocidental. Dentro deste gênero, surgiram excelentes poetas. Entre eles, Masaoka Shiki. 

Teatro Japonês

Teatro escrito e interpretado no Japão desde o século VII d.C. Sua evolução deu lugar a uma ampla variedade de gêneros, caracterizados em geral pela profusão de elementos dramáticos, musicais e coreográficos, e regidos até bem pouco tempo por normas bastante rígidas.

As danças do teatro gigaku, introduzido no Japão no ano 612 d.C. a partir da China, eram aparentemente de caráter cômico. No século VIII foram substituídas pelo bugaku, espetáculo importado da China, cujas danças apresentavam situações simples, mas que adquiriram um caráter ritual.

O sangaku, espetáculo de tipo acrobático (funambulismo, malabarismo e engoliçar de espadas) tornou-se popular no século VIII.

No século XIV surgiu o gênero do Teatro nô, e em fins do século XV o teatro de títeres, jôruri, também chamado bunraku. O grande dramaturgo japonês Chikamatsu Monzaemon foi um dos grandes escritores deste gênero.

A partir do século XVIII, o kabuki se tornou o gênero de teatro tradicional de maior popularidade. Mais próximo de um espetáculo que do teatro em si, seus textos originais têm importância menor que a interpretação, a música, a dança e as cores brilhantes do cenário.

Atualmente os dramaturgos vêm abordando o conflito entre a sociedade moderna e a tradicional. Yukio Mishima obteve grande êxito com Cinco peças modernas do teatro nô (1956), em que apresentou uma versão modernizada de temas tradicionais. O grou do crepúsculo (1949), de Kinoshita Jungi, também tem por base antigos contos populares.

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